quarta-feira, 8 de abril de 2009

A Religião e o Aborto

“A lei de Deus acima da lei dos homens”

O aborto sempre foi um tema polêmico entre a sociedade e as religiões, desde o século IV a igreja Católica condena a prática do aborto em qualquer circunstância. Posição Oficial que se mantém explicita até os dias de hoje. A igreja católica afirma que assim que acontece o ato de junção do óvulo com o esperma o ser já possui alma e de forma nenhuma pode ser abortado. Punição para o ato é a excomunhão pelo pecado de aborto, rompimento das ligações da Igreja Católica com a pessoa praticante do aborto.
Nos últimos meses temos presenciado na mídia em geral, casos de pedofilia que se espalham pelo país. Casos que chocam, dividem opiniões e o pior de tudo, confundem sentimentos e esperança de seres inocentes com medo e desespero.
A igreja católica se mantém firme em sua decisão até certo ponto, sua crença começa a ser deixada de lado quando o assunto envolve escândalos. Escândalos como o do ultimo mês, onde uma garota de nove anos foi violentada pelo padrasto e acabou engravidando em Alagoinha, Pernambuco. Por se tratar de um caso de Abuso, a menina teve o consentimento da Justiça Brasileira e sob autorização da mãe pode fazer o aborto da gestação de gêmeos que tinha completado quatro meses. Ao ser concedida a ordem, imediatamente o Bispo de Recife e Olinda José Cardoso Sobrinho tratou de cumprir a risca as ordens de sua crença religiosa, excomungou toda a equipe médica que fez os procedimentos e a mãe da jovem, esquecendo de incluir o padrasto que abusou da menina durante seis anos, e afirmou “- Ele cometeu um crime hediondo, mas não está incluído na excomunhão. Existem tantos outros pecados graves. Mais grave do que isso, é o aborto, eliminar uma vida inocente” - afirmou o arcebispo.
Segundo o Dicionário a palavra Abuso significa: Uso errado. Excessivo ou injusto; Pratica contrária a lei e os bons costumes. Ultraje ao pudor.
A Igreja Católica tenta preservar o seu lado conservador sobre algumas questões, mas, é questionável em tais circunstâncias decisões como estas.
Não só a Igreja Católica, mas também algumas denominações evangélicas são contra a prática do aborto, já outras se preocupam com métodos de prevenção e tentam alertar á população e seus membros através de palestras e ensinamentos. Em seu Blog pessoal o Bispo Edir Macedo Líder da Igreja Universal do Reino de Deus fala sobre as questões do aborto, fornecendo citações bíblicas, mas afirma: “sou a favor da preservação das mães, que por falta de temor a Deus ou infantilidade, entregaram seus corpos ou foram estupradas e acabaram engravidando sem nenhuma condição de ser mãe. Isso sem falar das crianças que ao invés de curtirem a infância com bonecas, acabam sendo vítimas de pedófilos dentro de casa”.
Na sociedade em que vivemos, onde há uma proliferação de sensualidade, fica difícil manter-se com uma opinião de certo ou errado, nossa sociedade é a todo o momento bombardiada com cenas de sensualidade nas novelas, a popularização das musicas funk que trazem em muitas, se não todas as suas letras temas eróticos que tratam a mulher como um objeto, dando ar pejorativo, deturpando totalmente sua moral perante a sociedade e tratando-a como se só servisse como objeto de desejo e sensualidade, ou quando não muito satisfeitas, introduzem uma série de palavras obscenas, ensinando as crianças a usá-las no seu dia a dia, como se fosse uma atitude normal. Onde estão nossas origens como seres que raciocinam?
Sendo assim, e mantendo-se com pensamento conservador as Igrejas abominam as questões do aborto. Mas, o que está sendo feito por elas, as Igrejas, para evitar a proliferação de casos de pedofilia e abusos sexuais no país? Situações de excomunhão, situações como esta é que presenciamos e o que consecutivamente leva muitas pessoas a descrença em sua fé. Com base nessas questões o Padre Jose de Almeida Santos 49, da comunidade de Sapopemba, Zona Leste de São Paulo, declara: “Os padres de uma forma geral desenvolvem algum tipo de acompanhamento com a comunidade, mas ainda não é o suficiente. Temos que nos manter conservadores, pois essas são as leis que o Vaticano nos propõe e acreditamos que esta é a lei de Deus, e com certeza ela se coloca acima da lei dos homens, não podemos concordar com a legalização do aborto, pois se ela for liberada ocasionará com certeza um grande número de mortes, mas no caso da jovem de nove anos de Alagoinha, eu seria sim a favor do aborto, pois se trata de uma criança, que não tem e não teria nenhuma condição de conceber outra criança”, afirma.
A questão de se interromper ou não uma gravidez ocasionada por abusos, mexe com os dois lados religiosos conservadores do país. Atualmente o Brasil é a maior nação Católica e Evangélica do mundo, no ultimo dia dezoito de março na Câmara Municipal de Osasco, SP, houve uma votação para uma audiência pública de combater a pedofilia, entre os deputados estava a bancada de combate a pedofilia no Brasil e o Vereador e Bispo da Igreja Renascer em Cristo José Bruno do (DEM). Em nota ao portal da Igreja Renascer, O Vereador José Bruno afirma: “Não podemos deixar passar, temos que enfrentar esse grave problema. Assim como em Catanduva, inúmeras cidades paulistas vivem esse drama. A luta contra a pedofilia não tem partido. Ela é de todos nós”.
“A minha Opinião, a cerca do Aborto, sendo este causado por estupro, é a favor. Sendo pastora e mãe. Sendo filhos de um casamento é uma benção de Deus, a mulher engravida por um ato de amor, há um relacionamento e tudo acontece psicologicamente na mente da mulher, esta criança foi aceita por ambos. No caso de Estupro, alguém toma posse de outro alguém, com agressões, ira, dor, violência, agindo como um bicho, e daí acontece uma concepção. Como esta criança cresceria no ventre desta mulher? Como um ser humano poderia se sentir feliz, por carregar um outro ser humano sabendo que foi fruto de uma violência, da loucura, da insanidade mental de outra pessoa? Se com uma mulher é difícil imagine com uma criança de nove anos, que não entende muito bem, a questão de ser mãe.
Deus criou seres humanos para serem tratados como seres humanos. Acredito que essa violência se dá ao fato de estarmos afastados de Deus”. Afirma a Pastora evangélica e Capelã, Edna dos Santos 46.
Se nos dias de hoje é complicado crescer sem pai, ou sem mãe, imagine crescer sendo mãe de verdade ao invés de brincar de bonecas e ter filhos e filhas da imaginação. Perder sua dignidade, sua infância, e ter que conviver com uma lembrança de anos de tortura, e o que é pior, ter muitas vezes que acordar e saber que a lembrança da violência existe, anda, fala e tem um nome.
Sabemos que existem casos e casos, igrejas e igrejas, mas devemos ter consciência que em todos os casos de abuso sexual a mulher deve ser orientada, ajudada e aconselhada, pois cabe somente a ela, a mulher, o fato de interromper sua gestação. Se abortar em qualquer circunstância é certo ou errado, não o sabemos, mas precisamos ter mais consciência de nossas decisões como sociedade, por que não podemos aceitar situações que destruam o nosso futuro e o futuro de nossas crianças.

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